Por que é tão difícil Emagrecer e se manter assim?

dr-murillo-brandao-dificuldade-emagrecer

Se perguntar a qualquer pessoa, o que deve ser feito para emagrecer, praticamente todos vão dizer: comer menos e se exercitar. Na teoria isso está certo, mas na prática a coisa é bem diferente.

Em um levantamento feito na Inglaterra utilizando registro eletrônico de milhares de pessoas, mostrou que a chance de homem com obesidade (IMC de 40) atingir o peso normal, era de 1 para 1.290 indivíduos. Muitas coisas complexas justificam essa enorme dificuldade que a maioria das pessoas tem para perder peso.

Nosso organismo se defende com todas as forças para que não ocorra a perda de peso. Esse mecanismo que favoreceu a seleção da nossa espécie em tempos de escassez, hoje joga contra a luta na perda de peso. E dentro desse contexto, existe uma região no cérebro chamada hipotálamo que funciona como uma espécie de sensor do peso e que tem como referência o máximo peso durante a vida. Se você perde peso, ele tenta de puxar de volta, além disso, ocorre uma série de eventos hormonais e metabólicos que agem nessa mesma direção.

Há poucos dias saiu um estudo que mostrou que a gordura guarda uma espécie de “memória molecular”, dificultando a manutenção do peso perdido. Foi observado que mesmo após grandes perdas de gordura, os genes permanecem desregulados, favorecendo o chamado “efeito sanfona”.

Na sua opinião, além dessa falsa simplicidade que as pessoas tem sobre emagrecer, o que mais seria importante nesse processo?

A obesidade é classificada pela medicina como uma doença. Falta entender que é uma doença crônica e da necessidade do uso de medicamentos. Se uma pessoa tem pressão alta, ela vai tomar remédio e não se observa tanta resistência. Mas se ela para de tomar a medicação, a pressão volta a subir. Com a obesidade não existe essa compreensão.

Você tem recebido algum paciente com características específicas? Algum que mereça atenção especial?

Sim, pessoas que tentaram perder peso e sofrem com o “efeito sanfona”, não conseguindo manter os resultados. Toda pessoa acima do peso merece atenção especial. Um dado importante diz respeito ao tratamento precoce em adolescentes, pois já se observam micro lesões cerebrais causadas pela obesidade nessa fase da vida.

Existe algum diferencial no seu tratamento?

Eu procuro pautar minha conduta baseado em evidências científicas atuais, ao qual, deveria ser seguido por todos os médicos. Uma abordagem que temos feito e que tem se destacado nos últimos congressos científicos, é sobre o tratamento baseado em fenótipos. Existem fenótipos comportamentais, de saciedade e de taxa metabólica basal.

Para se ter uma ideia, para cada quilo de peso perdido, além do aumento do apetite, o metabolismo fica lento em 30 calorias. Coisa que conseguimos comprovar através do exame de calorimetria indireta. Utilizamos estratégias para monitorar de forma contínua a parte comportamental, tecnologias para avaliar a composição corporal e o metabolismo. E assim gerar gráficos sobre essa evolução do paciente.

Podemos dizer que é uma espécie de “Personal Médico”?

Podemos considerar sim. Em meu atendimento, estabelecemos um sistema de suporte que incentiva e monitora o progresso do paciente. Esses métodos permitem que ele visualize o progresso e que possamos fazer ajustes necessários, para evitar comprometimento de resultados. Com isso fica mais fácil estabelecer objetivos e metas.

Por:

  • marcia-clinica-espaco-luz-revista-mais-saude
Gostou? Compartilhe!
Você vai gostar também