Sentir dificuldade para abrir a boca e mastigar, muitas vezes chamado de “maxilar travado”, é conhecido tecnicamente como trismo.
Esse problema envolve músculos, dentes e a articulação temporomandibular (ATM), trazendo sinais como dor perto do ouvido, estalos, mordida que cansa rápido e até bloqueios que limitam a abertura. Também podem surgir tensão no pescoço, dor de cabeça e zumbido.
Em situações ligadas a pancadas, infecções ou quando a boca não abre mais que dois dedos, a avaliação médica é fundamental para identificar a causa e indicar o tratamento adequado.
Causas mais comuns
De acordo com o Dr. Daniel Caixeta, dentista especialista em DTM Goiânia, O problema raramente tem um único culpado. Entender as origens ajuda a escolher o cuidado certo e a reduzir as recaídas.
Em muitos casos, fatores se somam e aumentam a sensação de travamento.
Tensão muscular e bruxismo
Estresse, noites ruins e hábitos como roer unhas mantêm a musculatura em alerta. À noite, apertar os dentes sem perceber sobrecarrega masseter e temporal.
Acordar com rosto cansado e dentes sensíveis é sinal típico. Com o tempo, a abertura reduz e a mastigação perde eficiência.
Disfunção da ATM
A ATM funciona como uma dobradiça com um disco de cartilagem entre as superfícies. Quando o disco desloca, surgem estalos, sensação de travamento e dor perto do ouvido.
Doenças reumatológicas e inflamações na cápsula também irritam a região e limitam o movimento.
Problemas dentários
Cáries profundas, abscessos, sisos inflamados e mordida desajustada geram dor que irradia para a face.
O corpo evita abrir a boca para proteger a área dolorida, o que mantém a tensão e piora a dificuldade para abrir a boca e mastigar.
Traumas e outras condições
Quedas, golpes no queixo e procedimentos como intubação podem lesionar ligamentos e músculos. Radioterapia de cabeça e pescoço reduz a elasticidade dos tecidos ao longo do tempo. Infecções específicas exigem investigação médica.
O que ajuda em casa com segurança
Em situações leves, alguns cuidados aliviam sem risco. Use compressa morna por 15 a 20 minutos na bochecha (perto do ângulo do maxilar) e na lateral da cabeça. O calor relaxa fibras tensas e melhora a circulação.
Faça automassagem com movimentos circulares suaves, sem ultrapassar o limite de dor. Respire pelo nariz de forma lenta, solte a mandíbula e alongue o pescoço. Alimentos macios, em pedaços menores, reduzem o esforço enquanto a região descansa.
Monte um cardápio amigo por alguns dias: purês, sopas, ovos mexidos, peixes, frutas maduras e iogurte.
Evite chiclete e petiscos muito crocantes. Beba água ao longo do dia. Se o seu médico já indicou analgésicos simples, siga dose e horário.
Postura ajuda muito: ajuste a altura do monitor, mantenha os pés apoiados e ombros relaxados. Evite apoiar o queixo nas mãos, mastigar sempre do mesmo lado e abrir embalagens com os dentes.
Exercícios suaves para recuperar movimento
Movimento gentil reeduca músculos e articulação. Faça no espelho: encoste a ponta da língua no céu da boca, atrás dos dentes de cima, e abra e feche devagar mantendo o queixo alinhado. Execute dez repetições, duas a três vezes ao dia.
Outra opção: alongamento com os dedos. Coloque dois dedos entre os incisivos e mantenha por 10 a 15 segundos, sem dor aguda.
Com a melhora, evolua para três dedos. O objetivo é ganhar milímetros com constância, não abrir tudo de uma vez.
Quando buscar atendimento
Se a dificuldade para abrir a boca e mastigar dura mais de uma semana, se piora, se há estalo com bloqueio, assimetria no movimento ou histórico de trauma, marque consulta. Dentistas com prática em dor orofacial e disfunção da ATM avaliam mordida, músculos e articulação.
Em alguns casos, exames de imagem entram no plano de cuidado. Fisioterapeutas com experiência em ATM conduzem terapia manual, exercícios e educação postural.
Tratamentos no consultório
A base combina educação, exercícios guiados e controle de hábitos. Placa de mordida noturna reduz a sobrecarga do bruxismo e protege os dentes. A fisioterapia usa liberação miofascial, mobilização articular e treino de coordenação.
Alguns profissionais aplicam laser terapêutico ou ultrassom para controle da dor em fases sensíveis. Ajustes oclusais e tratamento de cáries entram quando a mordida está desbalanceada.
Em inflamação da ATM, o médico pode indicar medicamentos por tempo curto. Procedimentos na própria articulação ficam reservados para casos específicos, após avaliação criteriosa.
Prevenção no dia a dia
Pequenas escolhas mudam o jogo. Faça pausas curtas para relaxar a mandíbula: lábios encostados, dentes separados e língua descansando no céu da boca.
Inclua momentos que aliviem tensão, como caminhada leve, alongamentos e leitura tranquila. Prefira tesoura para abrir embalagens.
Se o bruxismo aperta em períodos estressantes, converse com o dentista sobre estratégias específicas e ajuste da placa.
Conclusão
Dor e travamento não precisam virar rotina. A dificuldade para abrir a boca e mastigar melhora quando você entende o que acontece e age com gentileza.
Observe os sinais, alivie a tensão com calor e exercícios, poupe a articulação com escolhas simples e busque avaliação quando os alertas aparecem.
Com orientação certa, falar deixa de cansar e mastigar volta a ser natural. O objetivo é recuperar conforto no dia a dia e manter a saúde da sua ATM por muito tempo.
Imagem: IA