O envelhecimento traz muitas mudanças naturais, mas uma delas merece atenção especial: a perda auditiva. Estudos científicos robustos mostram que a surdez é hoje reconhecida como o principal fator de risco modificável para o desenvolvimento de demências, inclusive o Alzheimer. Em outras palavras, entre todos os fatores que podemos prevenir ou tratar, a perda auditiva ocupa o topo da lista.
A explicação está no funcionamento do cérebro. Quando o ouvido não transmite os sons de maneira adequada, o cérebro precisa trabalhar mais para compreender as palavras e os ruídos ao redor. Esse esforço contínuo sobrecarrega áreas cerebrais ligadas à memória e à linguagem, acelerando o declínio cognitivo. Além disso, a dificuldade em ouvir leva ao isolamento social, diminuindo a interação com familiares e amigos — algo que, por si só, já é um gatilho importante para quadros de depressão e demência.
A boa notícia é que a perda auditiva, diferentemente de outros fatores de risco, pode ser identificada e tratada precocemente. O uso de aparelhos auditivos, quando indicado, restaura a percepção dos sons e ajuda a manter a estimulação cerebral. Cirurgias para correção de problemas estruturais, terapias auditivas e orientações de reabilitação também são opções eficazes, dependendo de cada caso.
Por isso, o check-up auditivo a partir dos 50 anos é fundamental, mesmo para quem acredita ouvir bem. Exames simples, indolores e rápidos permitem detectar alterações iniciais que, muitas vezes, passam despercebidas. Quanto antes o diagnóstico é feito, maiores são as chances de preservar a audição e proteger a saúde mental.
Se você tem dificuldade para entender conversas em ambientes ruidosos, aumenta o volume da televisão ou sente zumbidos, não espere que os sintomas se agravem. Marque uma consulta com um otorrinolaringologista. Cuidar da audição é cuidar do cérebro e da qualidade de vida.
Envelhecer com clareza mental e autonomia começa por ouvir bem. A prevenção está, literalmente, em nossos ouvidos.
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