Com mais de uma década de experiência clínica, vejo que o acompanhamento fetal evoluiu para guiar mães e filhos para um futuro melhor
Muito se fala sobre a importância dos hábitos de vida da mãe para o desenvolvimento do bebezinho e muitas revistas científicas já discutem o termo “programação metabólica” ou “imprinting” para demonstrar como as escolhas da gestante podem refletir na saúde do bebê, mas poucas gestantes têm acesso a essas informações no tempo correto.
O que as pesquisas mostram é que os hábitos das mães podem aumentar o risco de doenças crônicas e altos níveis de estresse nas gestantes também incrementa as probabilidades de doenças mentais quando os filhos atingem a vida adulta. Estamos falando da elevação do risco de transtorno de déficit de atenção, depressão e até esquizofrenia.
Gestação: novas evidências demandam novas abordagens
Diante disso, o que a medicina fetal faz é proporcionar amparo para essas gestantes. Isso significa dar instrução acerca da nutrição e suplementação adequadas, sobre o conhecimento das mudanças que acontecerão no corpo dessa mãe.
Mas, acima de tudo, é fundamental que fique claro que a gestação é um período para a futura mamãe curtir muito seu bebezinho, sem margens para o estresse. A verdade é que a gravidez pode e deve ser uma época tranquila.
Isso é ainda mais possível quando a gestante tem um acompanhamento dirigido para levar a gravidez de forma focada não só em evitar doenças crônicas, mas também em desenvolver ao máximo o feto tanto física como mentalmente.
A partir desse momento, quando mudamos nossa visão do que devemos oferecer à gestante, percebemos que há inúmeros detalhes indispensáveis para que esses nove meses sejam o melhor período possível. Conheça os pilares dessa abordagem a seguir.
Suplementação personalizada
O primeiro detalhe, do qual inclusive não abro mão com as minhas mentoradas, é a suplementação individualizada. Esse é um momento que requer demais do metabolismo materno e carências nutricionais causam impactos severos que vão desde a restrição de crescimento fetal até alterações do neurodesenvolvimento.
Nesse cenário, uma simples deficiência de vitamina D aumenta o risco de pré-eclâmpsia, de fetos pequenos, de diabetes gestacional ou problemas pulmonares e respiratórios após o nascimento.
A questão é que, na grande maioria das vezes, fórmulas prontas não suprem as necessidades individuais. Para se ter uma ideia, elas possuem em média entre 600 a 1.000 UI – medida da substância na fórmula – quando as pesquisas mostram que a dose de manutenção deve ser de 4.000 UI.
Ultrassonografia periódica
Outro aspecto importante é o acompanhamento ultrassonográfico realizado com calma, periodicamente, calculando riscos de trissomias – distúrbios cromossomiais -, malformações e avaliando o crescimento fetal em gráficos.
No entanto, acima de tudo isso, esse cuidado serve para guiar a formação de vínculos entre mãe e bebezinho. Nesses momentos, a ansiedade e o estresse vão se dissipando, tornando a gestante capaz de todas as mudanças fundamentais para desenvolver o bebê da melhor forma possível.
A partir dessa abordagem, esses noves meses passam a ser mais gostosos e tanto a mãe como o feto tornam-se mais saudáveis. Por isso, tenho a ultrassonografia 4D como essencial no meu consultório. Ela é realizada com 28 semanas e esse é um momento realmente mágico onde posso mostrar o rostinho do bebê de forma nítida pela primeira vez.
A mãe fora do consultório
Além desse trabalho clínico detalhado, há também atitudes vitais que a mãe pode e deve adotar fora do consultório e essa orientação também faz parte desse novo olhar para o acompanhamento fetal.
Nesse sentido, utilizo outras abordagens comprovadamente benéficas como meditações, reprogramação mental, amparo emocional do casal e, principalmente, de suporte para essa fase de tantas inseguranças e transformações. Assim garantimos que os nove meses de gestação sejam os melhores da vida da futura mãe e seu bebê.
Os hábitos das mães podem aumentar o risco de doenças crônicas e o alto estresse nas gestantes também incrementa as probabilidades de doenças mentais quando os filhos atingem a vida adulta.
Carências nutricionais causam impactos severos que vão desde a restrição de crescimento fetal até alterações do neurodesenvolvimento.