As dores crônicas de coluna constituem uma das queixas comumente relatadas pela população adulta, gerando incapacidade, redução da funcionalidade e afastamentos do trabalho. Estima-se que 70% a 85% da população terá algum episódio de dor nas costas no decorrer da vida.
Englobam as cervicalgias, as dores torácicas, as ciáticas e as dores lombares, que podem ser decorrentes de diferentes doenças osteomusculares, de transtornos dos discos intervertebrais, de artroses ou de lesões dos nervos como a dor ciática.
O que causa a dor na coluna?
Entretanto, as dores nas costas não decorrem sempre de doenças específicas ou da senilidade, mas de um conjunto de causas que se associa a fatores como: raça, idade, sexo, escolaridade, fatores comportamentais, fumo, baixa atividade física, trabalho físico extenuante, posturas viciosas, movimentos repetitivos, sedentarismo e obesidade.
A musculatura tem o papel de proteger as estruturas da coluna vertebral, sendo que essa função em muitos casos se encontra comprometida pela hipotonia/fraqueza dos músculos responsáveis pela estabilidade, proveniente do desuso ou uso inadequado dessa musculatura, por posições viciosas e postura inadequada, causando dores.
A importância da participação da musculatura abdominal e torácica no suporte da coluna tem sido verificada na medida em que 30 a 50% das pressões exercidas sobre os discos lombares e torácicos podem ser diminuídas pelo enrijecimento dos músculos estabilizadores abdominais e torácicos.
A região lombar tem como função primordial a acomodação de cargas decorrentes do peso corporal, da ação muscular e das forças aplicadas externamente. Esta região deve desempenhar tal objetivo com a característica de ser forte e rígida, especialmente quando permanece sob demanda de carga para manter as relações anatômicas intervertebrais e proteger os elementos neurais.
Em contraposição, ela deve ser flexível para permitir o movimento. A capacidade de envolver essas duas funções é adquirida através de mecanismos que garantem a manutenção do alinhamento vertebral.
Quando estes mecanismos se encontram em desequilíbrio, é produzida a instabilidade lombar, a qual surge quando a fraqueza e a fadiga se instalam nos músculos estabilizadores da coluna, podendo ocorrer estiramentos e lesões lombares, que ocorrem pelo excesso de movimento e por posturas viciosas inadequadas, que terá como principal consequência a dor.
A prática de exercícios voltados para a estabilização segmentar é apontada como um dos tratamentos mais eficientes para as disfunções na coluna, isso tanto a longo quanto em curto prazo.
Tratamento
O tratamento consiste na associação da prática de atividade física com o intuito do fortalecimento da musculatura profunda do tronco, através de exercícios resistidos com a redução de sintomas álgicos através de contrações musculares fortes que ativam os receptores de tensão do músculo, cujas aferências nervosas provocam a liberação de opióides endógenos, os quais estimulam a liberação de endorfina pela hipófise.
Assim, acredita-se que o aumento dos níveis de endorfina ao final do treinamento levaria à redução tanto da dor central como da periférica. Além disso, o reforço muscular tem papel na estimulação do crescimento dos capilares sanguíneos, o que aperfeiçoaria a oferta de oxigênio, a remoção de resíduos metabólicos geradores de dor e promoveria a melhor nutrição do tecido muscular.
Nesse momento é que se torna mandatória a presença do cirurgião de coluna primeiramente para um diagnóstico clínico preciso dos fatores causadores de dor, e que associado aos mais recentes exames de imagens, pode determinar a gênese das disfunções da coluna e propor um programa correto e individualizado de tratamento das disfunções musculares causadoras de dor para cada paciente, personalizando um programa de atividade física que visa devolver qualidade de vida, redução de dor, correção de vícios posturais, flexibilidade e fortalecimento muscular correto.
Por: Dr. Daniel Labres de Castro
Ortopedia e Traumatologia
CRM/GO: 12999 | RQE: 7551
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