Sedentarismo no meio Médico: será que nós médicos seguimos o que prescrevemos?

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Não é raro ouvirmos de vários profissionais da área da saúde sobre a importância da prática esportiva, afinal de contas, grande parte das doenças do mundo moderno são decorrentes do sedentarismo e maus hábitos.

Mas até onde nós, médicos, seguimos o que prescrevemos?

Tudo começa muito antes da nossa vida acadêmica, quando ainda estamos nos preparando para o vestibular. São muitas horas estudando dentro e fora da sala de aula, quase nenhum contato com o sol, alimentação completamente desregrada e um misto de medo e ansiedade difíceis de explicar.

Quando iniciamos a faculdade, nos prometemos que tudo irá mudar. Entramos na ilusão que finalmente teremos tempo para malhar, nos cuidar, termos qualidade de vida. Mas mal sabemos o que está para começar.

Passamos por longos anos de muitos estudos, dedicação, carga horária semanal alta, noites mal dormidas, atendimento a pacientes graves, análises de pedidos de atestados, afastamentos, realização de procedimentos complexos, falta de condições adequadas em alguns hospitais. Enfim, não faltam motivos para nós, médicos, alegarmos que estamos cansados e que não temos tempo para praticar atividade física.

Estudos sugerem que a medicina está entre as profissões com as maiores taxas de síndrome de Burnout e também de suicídios, além de elevada prevalência de alcoolismo, tabagismo e abuso de substâncias ilícitas.

Como sair do sedentarismo?

A atividade física pode e deve entrar nesse cenário para modificar esse panorama, não apenas pelos conhecidos benefícios cardiovasculares, mas, sobretudo, para a manutenção de nossa saúde mental, no combate à depressão e, até mesmo, na prevenção do suicídio.

Já no início da minha graduação fiz o máximo para mudar esse cenário. Vim de um meio familiar em que atividades físicas eram praticadas por todos e fui incentivada a seguir esse caminho. No início da vida adulta, depois de anos de cursinho e tendo meu objetivo alcançado, resolvi dar um jeito e incorporar alguma atividade a minha rotina logo no início da minha graduação de medicina.

Acabei descobrindo academias bem próximas da minha Universidade, que ofereciam além da musculação, várias aulas bem legais. Aos poucos fui conseguindo me organizar, otimizar o meu tempo e incentivando o pessoal da minha turma, que era bem pequena.

E de repente quando eu vi, lá estava eu conseguindo conciliar natação, pedal e corrida. Ou seja, literalmente levando a vida num triathlon. Onde minha formatura foi no meu primeiro ironman, há 10 anos.

A sensação foi tão maravilhosa que depois desse vieram mais 4. E hoje já tenho 14 anos desse esporte maravilhoso.

É fato que, à medida que começamos a fugir do sedentarismo, nossas orientações aos pacientes adquirem propriedade e passam a produzir mais sentido e efeito.

Mas, infelizmente, nem todos conseguem vencer a inércia do sedentarismo. Peguem como exemplo um dia aleatório de plantão, visita em enfermaria ou consultório, e percebam a quantidade de pacientes que possuem alguma doença relacionada aos maus hábitos e consequência do sedentarismo.

A prevalência de médicos que apresentam estresse acima dos pontos de corte usuais situa-se em torno de 30%.

Conclusão

Em conclusão, é fundamental que nós, profissionais da área médica, cuidemos adequadamente também da nossa própria saúde física e mental, pois estas estão diretamente relacionadas entre si e também com a auto avaliação da nossa qualidade de vida.

Para melhor desempenhar a importante tarefa de cuidarmos da saúde de outras pessoas, é preciso que nos atentemos também para as nossas próprias necessidades.

 

Por: Dra. Priscilla Dutra
CRM/GO: 18662
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